Há pessoas que encontram nas lágrimas formas diversas de sentir, há porém outras, que encontram no papel a emoção nos seus variados contrastes. Eu sou uma das pessoas que encontra no papel, as lágrimas perdidas nos momentos de solidão. Desde sempre, a escrita fez parte do meu trajecto de vida, não conseguiria viver se não pudesse transmitir para o papel todo o meu subconsciente, com todas as suas limitações. Escrevo porque é a minha forma de estar na vida. É aqui que ganho a força necessária para enfrentar a disputa entre aquilo que o meu inconsciente quer e aquilo que eu posso fazer. É com a esferográfica a deslizar no branco imaculado papel que abundam as coisas mais fantásticas que o coração sente mas a boca não se atreve a dizer. Alimento-me de emoções, nas veias do meu corpo correm sentimentos, o meu coração palpita por uma felicidade inatingível, que só tão poucos conseguiram ultrapassar tal como uma caverna na alegoria. Unicamente procuro a felicidade, em todas as suas vertentes, singularmente pretendo encontra-la em tudo o que a vida tem de bom.
Sinto-me perdido, como se tudo o que acontecesse á minha volta nada tivesse a ver comigo, mas sim com o resto do mundo.
Queria viver e esquecer o minuto que passou, mas é impossível, pois faz parte da minha essência, faz parte do meu viver. Gostava de ter o dom de me tornar indiferente ás coisas que me rodeiam, mas no entanto não consigo...
Por vezes sinto-me como se esquecido numa redoma de vidro, na qual ninguém teima em quebrar, sinto a distância perto do meu coração como algo inalcançável. Sou assim... mórbido à espera que algo aconteça, que alguém sucumba aos meus chamamentos de dor e de prazer.
Melancolicamente, sinto-me a dizer: “Felicidade, felicidade, onde estás tu? Deixa-me abraçar e sentir-te como se alguma vez me pertenceste!” Mas não, tu tardas como se eu esperasse que surgisses no meio do nevoeiro, tal como D. Sebastião, é irrisório eu acreditar que apareças no meio do nada,... mas eu acredito que possas estar num olhar, belo, único, em todas as suas formas, um olhar..., como peço tão pouco...! É neste cocktail de emoções que vivo, e que torna de mim o mais ébrio dos seres humanos.
A solidão é falsa, a vida também, mas mais confusa ainda é a forma como estou sem estar. Por vezes sonhamos acordados e vemos o pesadelo que habita em nós cada vez que olhámos ao espelho. A vida é assim mesmo uma contradição contraditória, o ser feliz e estar triste, o amar e ser odiado, o viver e preferir morrer, todos nós morámos num corpo, que apenas é uma medida do nosso coração, já esteja destruída pelas forças, infelizmente somos mortais, meros habitáculos á porta do fim, seja ele qual for.